O talco, um mineral natural extraído em diversas regiões do mundo, foi classificado como “provavelmente cancerígeno” para os seres humanos por especialistas do Centro Internacional de Pesquisa do Câncer (CIRC/IARC) em Lyon, França. Os resultados da análise foram publicados nesta sexta-feira (5) na revista The Lancet Oncology.
De acordo com os especialistas, a exposição ao talco ocorre principalmente no ambiente de trabalho durante processos como extração, moagem ou fabricação de produtos que contenham talco. Para a população em geral, a exposição se dá principalmente através do uso de cosméticos e pós corporais que contenham o mineral. Apesar disso, os especialistas ressaltam que há certos preconceitos nos estudos que correlacionam o talco com o aumento da incidência de câncer, uma vez que a maioria das análises não pôde excluir a contaminação do talco com amianto.
Em uma entrevista à AFP, Kevin McConway, estatístico da Open University no Reino Unido, alertou contra interpretações não científicas dos resultados da avaliação da IARC. Segundo ele, a agência buscou apenas responder se o talco tem potencial para causar câncer em determinadas condições, sem especificar quais. McConway também ressaltou que os estudos foram observacionais e, portanto, não conseguiram provar a causalidade, não havendo uma prova definitiva de que o talco aumente o risco de câncer.
Em junho deste ano, a gigante farmacêutica americana Johnson & Johnson (J&J) fechou um acordo com o sistema judicial de 42 estados dos Estados Unidos em um caso relacionado ao talco e câncer. A empresa não admitiu responsabilidade pelo problema em seus produtos, apesar das acusações. A preocupação com a contaminação do talco com amianto surgiu na década de 1970 e estudos subsequentes apontaram um possível aumento do risco de câncer de ovário em usuárias de talco.
Uma síntese de estudos publicada em janeiro de 2020, com base em 250.000 mulheres nos Estados Unidos, não encontrou uma ligação estatística entre o uso de talco nas partes genitais e o risco de câncer de ovário.
Essas informações revelam a complexidade do tema e a necessidade de mais pesquisas para compreender os reais riscos que o talco pode representar para a saúde humana. É fundamental que as empresas que utilizam talco em seus produtos estejam atentas às recomendações dos órgãos de saúde e realizem testes rigorosos para garantir a segurança dos consumidores.
Em meio a esses debates e descobertas, o talco continua sendo objeto de investigações e discussões no campo da saúde pública, levando a reflexões sobre a regulamentação e monitoramento dos produtos que contêm esse mineral. É essencial que a ciência avance para fornecer respostas claras e embasadas sobre os potenciais riscos do talco para a saúde, garantindo assim a proteção dos consumidores.
